Saltar para o conteúdo

Página:Contos Tradicionaes do Povo Portuguez.pdf/465

Wikisource, a biblioteca livre

— Não tenho vagar! Não tenho vagar.

E fugia por entre uns tremoçaes, que já estavam seccos, e faziam uma grande bulha, e ella dizia:

— Ai que rica festa, e logo hoje que vou com tanta pressa.

(Airão.)



249. O LOBO E A OVELHA

Uma vez um lobo encontrou uma ovelha, que andava a pascer, e disse-lhe:

— Oh ovelha! eu como-te.

Respondeu a ovelha:

— Pois sobe alli para cima, que eu entretanto vou pascendo, e depois entro-te lá mesmo pela bocca dentro.

O lobo subiu para o alto do monte e esperou. A ovelha assim que viu o lobo longe, fugiu. O lobo começou a correr atraz d’ella, e como a não pudesse agarrar, disse:

Eu, que sou lobinho-cão,

Nunca corri tanto em vão.

Respondeu a ovelha:

Eu, que sou ovelhinha ruça

Nunca corri tanto de escaramuça.

(Villa Cova, Leite de Vasconcellos, Trad., p. 183.


FIM