— Não tenho vagar! Não tenho vagar.
E fugia por entre uns tremoçaes, que já estavam seccos, e faziam uma grande bulha, e ella dizia:
— Ai que rica festa, e logo hoje que vou com tanta pressa.
(Airão.)
Uma vez um lobo encontrou uma ovelha, que andava a pascer, e disse-lhe:
— Oh ovelha! eu como-te.
Respondeu a ovelha:
— Pois sobe alli para cima, que eu entretanto vou pascendo, e depois entro-te lá mesmo pela bocca dentro.
O lobo subiu para o alto do monte e esperou. A ovelha assim que viu o lobo longe, fugiu. O lobo começou a correr atraz d’ella, e como a não pudesse agarrar, disse:
Eu, que sou lobinho-cão,
Nunca corri tanto em vão.
Respondeu a ovelha:
Eu, que sou ovelhinha ruça
Nunca corri tanto de escaramuça.
(Villa Cova, Leite de Vasconcellos, Trad., p. 183.