O cavallo branco correu mais, e quando o Mago estava quasi a apanhal-os, disse para o rapaz:
— Deita fóra o ramo.
Fez-se logo ali uma floresta muito fechada, e emquanto o Mago abria caminho por ella, pozeram-se muito longe. Mas o rapaz tornou outra vez a gritar:
— Corre, que já ahi está meu tio que me vae matar.
Disse o cavallo branco:
— Bota fóra a pedra.
Logo ali se levantou uma grande serra cheia de penedias, que o Mago teve de subir, emquanto elles avançavam caminho. Mais adiante grita mais o rapaz:
— Corre, que meu tio agarra-nos.
— Pois atira ao vento o punhado de areia, disse-lhe o cavallo branco.
Appareceu logo ali um mar sem fim, que o Mago não pôde atravessar. Foram dar a uma terra onde se estavam fazendo muitos prantos. O cavallo branco ali largou o rapaz, e disse-lhe que quando se visse em grandes trabalhos que chamasse por elle, mas que nunca dissesse como viera ter ali. O rapaz foi andando e perguntou porque eram aquelles grandes prantos.
— É porque a filha do rei foi roubada por um gigante, que vive em uma ilha onde ninguem póde chegar.
— Pois eu era capaz de ir lá.
Foram dizel-o ao rei, e o rei obrigou-o com pena de morte a cumprir o que dissera. O rapaz valeu-se do cavallo branco, e conseguiu ir á ilha e trazer de lá a princeza, porque apanhou o gigante dormindo.
A princeza assim que chegou ao palacio não parava de chorar. Perguntou-lhe o rei:
— Porque choras tanto, minha filha?
— Choro, porque perdi o meu annel que me tinha dado a fada minha madrinha, e emquanto o não tornar a achar, estou sujeita a ser roubada outra vez ou ficar para sempre encantada.