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Ainda que o aspecto da “ética da transparência” seja uma questão importante também para os cypherpunks - vide as ações do Wikileaks, liderado por um dos mais conhecidos hackers cypherpunks, Julian Assange — a exigência de uma postura mais transparente dos governos vem junto de um trabalho de base de ensino da proteção individual e coletiva via criptografia. “Privacidade para os fracos, transparência para os poderosos”, frase que virou lema do Wikileaks, indica de outra forma que exigir transparência de órgãos governamentais e particulares deve vir associado à proteção da privacidade de cada um contra a vigilância desses mesmos governos e empresas.

E, até hoje, o principal meio de se proteger da vigilância na internet é a partir do uso de criptografia. A “escrita escondida”, presente desde a origem da palavra (do grego: kryptós, “escondido”, e gráphein, “escrita”) é uma técnica e uma prática de comunicação que visa proteger a segurança da mensagem da ação de terceiros, chamados na área de “adversários” (essa terminologia bélica representa bem a serventia militar que a criptografia teve ao longo de sua história). Os motivos da proteção de uma mensagem podem ser tantos quanto a criatividade humana quiser inventar: dos óbvios temas ligados à guerra aos não tão óbvios assuntos de amor, passando pela diplomacia e a competição, todos eles de alguma forma ligados ao “direito de ser deixado em paz” contida no entendimento comum de privacidade[1].


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  1. Há registros históricos muito antigos sobre o uso da criptografia; um dos primeiros remete a 1900 a.€., no Egito, quando um escriba usou hieróglifos fora do padrão numa inscrição. Alguns séculos depois, entre 600 a.C. e 500 a.C, os hebreus utilizavam a cifra de substituição simples (de fácil reversão e fazendo uso de cifragem dupla para obter o texto original), sendo monoalfabético e monogrâmica (os caracteres são trocados um a um por outros), e com ela escreveram o Livro de Jeremias. O chamado “Codificador de Júlio César” tornou-se popular (ainda hoje) como “Cifra de César”, uma das técnicas mais clássicas de criptografia, em que o autor da cifragem troca cada letra por outra situada a três posições à frente no alfabeto. Uma simples ação que, diz a história, foi responsável por enganar muitos inimigos do Império Romano. Fonte: WIkipédia https://pt.wikipedia.org/wiki/Criptografia