Página:Da França ao Japão (1879).djvu/137

Wikisource, a biblioteca livre
102
DA FRANÇA AO JAPÃO

O commandante, firme no seu posto, só esperava que a ultima ancora se perdesse para ordenar o movimento da machina com o fim de governar pelo porto até que a tempestade passasse, ou mesmo tentar uma sahida para o oceano; porém o céu estava escuro e os chuviscos obscurecião o tempo que era impossivel distinguir-se qualquer objecto ou mesmo a luz a alguns metros de distancia.

Felizmente pela madrugada, o vento saltava para o mesmo ponto donde começára na tarde anterior; cyclone tinha passado, mas o quadro mais triste e desolador que aos nossos olhos se tem mostrado veio contristar o nosso coração e fazer esquecer os perigos passados.

Em um canal, ao lado da cidade, apenas vía-se sobre a agua as pontas dos mastros de tres navios, carregados de gente que esperavão soccorros. Em frente de nós, sobre o caes, dois vapores hespanhoes que devião partir no dia seguinte para as Philippinas, completamente quebrados; perto das fortificações, alguns outros navios sossobrados e somente eramos tres ou quatro sobre a agua dos vinte que ahi se achavão fundoados na vespera.

A rua principal da cidade, sobre o caes, offerecia o aspecto de ruinas, tal era o numero de casas abatidas pelo furor do tufão.

Segundo os jornaes inglezes, o numero dos mortos se elevava a oito mil, comprehendidas as pessoas que perecerão nos navios hespanhoes, cujos passageiros compunhão-se na mór parte de familias proscriptas da Hespanha pela guerra civil, e que ião ás Philippinas em busca do asylo que, na sua patria, lhes era negado pelos soldados de D. Carlos.

Descemos á terra e desviamos os olhos destes montões de cadaveres de pescadores chins e de europeus, que as vagas lançavão a praia. Durante seis dias, que ahi permanecemos, só o desgosto e o pezar nos desanimava em nossos passeios e visitas aos arredores de Hong-Kong.

Sentimos não saber o nome de um cavalheiro inglez, então