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DA FRANÇA AO JAPÃO

med-ben-Abi-Thalob se revoltou na cidade do Propheta (Medina) contra Abou-Jafar-al-Mansour, então califa de Irak.» Este soberano escreveu ao seu tenente-general do Egypto ordenando-lhe entupir o canal de Kolzoum para que os revoltosos não podessem conduzir provisões á Medina. Esta ordem foi executada e toda communicação interrompida com o mar de Kolzoum. As cousas assim permanecerão, no mesmo estado em que hoje as vemos. (839 da hegira, 1435 da éra christã).»

Na verdade, Napoleão Bonaparte o encontrou quasi completamente obstruido, quando foi ao Egypto; e logo após sua chegada, elle encarregou a uma commissão de engenheiros o estudo de um projecto que permitisse a communicação dos dois mares.

Foi o sabio Lepère, o relator da commissão; e na sua memoria que entregou a Bonaparte, apresenta e discute as vantagens do traçado, que partindo de Suez passasse pelo Cairo e em seguida em Alexandria: attentas as considerações commerciaes do Egypto.

Alguns historiadores mal informados, affirmão que Lepère considerava como inexequivel o traçado directo, entretanto, nenhum outro antes d’elle, concebeo com mais facilidade a possibilidade de tão importante obra; se elle deo preferencia ao traçado antigo foi attendendo as considerações econômicas e aos interesses do Egypto. [1]

Desde esta epocha grande numero de memórias e projectos forão apresentados ao Vice-Rei; coube, porém, ao Sr. Ferd. de Lesseps, engenheiro e diplomata da França, a gloria do executar uma das mais uteis e importantes obras do nosso seculo.

Na concessão outhorgada pelo Vice-Rei ao Sr. Lesseps estava prescripta a condição essencial de serem, os accionistas da companhia, subditos ou cidadãos dos differentes paizes civi-


  1. Memoire sur le canal des deux mers, por M. Lepère. — Tomo II.