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Página:Diário de uma expedição (2004).djvu/113

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Nunca supus que fôssemos passíveis de desastres desta ordem! NUNCA!

Será possível que a nossa República tenha quadros de tal ordem, que lembram os últimos dias do Baixo Império? Descrente destas coisas, descrente desta terra — aonde lamento ter nascido — eu creio entretanto na vitalidade de um princípio. A República é imortal, e já que temos a felicidade de possuí-la, eu acredito que ela afinal galvanizará este povo agonizante e deprimido.

Aquele lamento acima escrito, não acredites seja apenas uma expressão sentimental — é um produto consciente, exprime realmente a mágoa mais profunda que tenho.

Acho, realmente, ridículo o título de filho desta terra depois da vasta série de escândalos de toda sorte com que ela tem desmoralizado a História!

Não digas isto ao Dr. Brandão — não desejo que ele saiba que me invadiu este depauperante pessimismo. Que tenham ao menos esperanças os velhos-moços conforme dizes bem, já que os moços envelheceram cedo, atravessando a selva oscura das nossas grandes misérias. Vou encerrar esta carta que está assumindo aspecto demasiado lúgubre. Para outra vez conversaremos mais longamente. Responda-me logo para a Rua Santa Isabel n° 2, aonde ainda estou.

A minha família recomenda-te à tua.

Abraça-te o am°
Euclides da Cunha


3

São Paulo, 23 de julho de 1897.

João Luís

Saúdo-te desejando felicidades recomenda-nos a toda a família.

Aconteceu afinal o que eu previa: os amigos da Campanha esqueceram o ausente. É singular porém que eu não me esqueça deles e no meio de uma terra mais agitada me recorde sempre.

Por que então esse silêncio?

O próprio Chico de Lemos, o último que com uma constância heróica sustentou uma correspondência regular — emudeceu brusca-