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Página:Diana de Liz - Memorias duma mulher da epoca.pdf/126

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Diana de Liz: Memorias


 

CLOTILDE — Já passa dos trinta.

CLARISSE — Ih! Trinta anos! É quási velho!

CLOTILDE (irritada) — Tu não sabes o que dizes! Só queria que o visses — ainda hás-de vê-lo — e que me dissésses depois se dava ou não dava um marido ideal!

CLARISSE — Ora! Nós, em solteiras, sabemos lá se um rapaz é ou não é um marido ideal! Só depois de casar é que essas coisas se sabem. Antes disso... Eles enganam a gente, com aquelas palavrinhas sentimentais! O Valente, que está sempre a rir e aos beijinhos á namorada, é capaz de se tornar sêco e mal humorado, se viér a casar com ela... Foi o que sucedeu ao marido da tia Amélia, disse-mo ela mesma.

CLARINHA — A filha do Moreira fez mal em dar aquela confiança ao rapaz. Eu é que não consentia uma coisa daquelas... Até me arripio toda!

CLARISSE — Eu tambem não admitia aquilo. É de mais!

CLOTILDE — Vocês não admitiam?! Eu sempre queria vêr... Gostando-se muito dum rapaz, faz-se tudo quanto êle quere... A não sêr assim não é amor a valêr...

CLARINHA — Pois tu deixavas um homem dar-te um beijo antes de casar?!


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