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94 DOM JOAO VI NO BRAZIL

A recriminagao n este ponto e frequente. John Mawe, que a pedido do conde de Linhares se dispuzera a adminis- trar a real fazenda de Santa Cruz, escreve que ao alii che- gar nem cafe encontrou para beber, apezar de estar n uma plantagao de cafe posto que muito mal tratada, so logrando conseguir horas depois um pedago de carne magra e mal cozida, e que na manha immediata teve que esperar pelo almogo ate 10 horas por se nao poder obter um caneco de leite, comquanto cobrissem as ricas pastagens sete a oito mil cabegas de gado. Escrevendo ao aventureiro Contucci ( I ) , a 12 de Setembro de 1810, soltava o secretario intimo da Princeza Dona Carlota este symptomatico grito do esto- mago: En esta ocasion, cansado ya de comer mal, me he tornado la livertad de pedir a V. M.^ el favor para que se sirva remitirme lo que indica la adjunta nota, lo que ni con dinero se halla aqui."

O Dr. Jose Presas nao era o unico. Os diplomatas estrangeiros queixavam-se a porfia de ser a vida entre nos nao so destituida de confortos como excessivamente dispen- diosa, sem que principalmente houvesse correspondencia entre o que gastavam e o que alcangavam. A carestia da vida e uma preoccupagao commum entre os diplomatas, mas n este caso plenamente justificada, assistindo-lhes bastante razao no considerarem exorbitantes os pregos por que tinham de pagar tudo no Rio de Janeiro. Uma excursao a Santa Cruz, quinze leguas distante da capital, custava, no calculo de Maler, 400 francos: por isso, nao tendo ainda recebido seus ordenados ao tempo do convite de Dom Joao para que fosse passar alguns dias na antiga fazenda dos Jesuitas, vi- ra-se compellido a declinar a honra. " Nao sao infelizmente,

��(1) rapeis Contu cci, no Arch, do Min. das Itel. Ext. do Brazil.

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