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Página:Dom João VI no Brazil, vol 1.djvu/176

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134 DOM JOAO VJ NO BRAZIL

variadas; os engenhos de modelos absolutamente primitivos ; o manifesto atrazo agricola e industrial, tudo se congregava para dar a idea, que mais accentuada hoje nos fere, de po- breza fundamental, contra a qual em vao contendiam as illusoes de uma prosperidade ficticia dependente exclusiva- mente do brago escravo, subidas occasionaes e passageiras de pregos e os esforgos de resistencia ja quasi passiva do sen- timento de grandeza heroica.

O clima francamente tropical, escancarando os case- bres de taipa, sem ladrilho, nem portas, nem janellas, que agachavam seus tectos de palha diante do solar do engenho, rebocado e caiado de branco, com grossas paredes que repel- liam o sol; dispensando as camas, substituidas por esteiras ou pelas redes muitas vezes extendidas, nas noites de claro luar, entre dous postes do alpendre, tornava o aspecto da vida mais incerto ainda do que no Sul, onde a estagao fria enxo- tava a gente para o interior das habitagoes. O calor sem tre- goas dava a esta terra brazileira um torn mais decidido de acampamento nomada, ao mesmo tempo que diminuia a taci- turnidade dos seus habitantes, cujo moral quer dizer igno- rancia, nogao exaggerada de pundonor e fatalismo se nao differengava sob os outros pontos do dos caipiras de Sao Paulo e Minas e do dos gauchos do Rio Grande.

Observaram Spix e Martius que o mineiro lembrava muito mais o alegre pernambucano do que o tristonho pau- lista. O orgulho e a sobriedade seriam tragos communs a todos os Brazileiros de descendencia mais ou menos europea, mas eram pelos dous viaj antes consideradas qualidades pri- vativas dos pernambucanos e extensivas aos mineiros, a incli- naqao por uma forma romanesca de viver e a predilecgao pelos vestuarios e productos estrangeiros, quer dizer, o espi-

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