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Página:Dom João VI no Brazil, vol 1.djvu/177

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DOM JOAO VI NO PiKAZIL 155

rito de aventura e o de novidade, a fantasia imaginativa e a facil receptividade moral.

Em Pernambuco derivariam em boa parte estas quali- dades das conduces da vida, cuja incerteza como que se re- flectia no contraste, muito caracteristico da regiao, entre as varzeas fertefs, regadas pelos rios, e os taboleiros arenosos e aridos, de vegetagao crestada pelas seccas que periodica- mente assolam o sertao victimando homens e animaes. As alternativas de abundancia e privac^ao, marcadas pelas chu- vas ou pelas longas estiadas, independentes portanto do es- forgo individual, tingiam naturalmente de despreoccupagao, de indifferenca, o caracter do povo que ora via em redor de si a fartura, ora enxergava a miseria, sem poder contribuir no minimo para modificar-lhe as circumstancias. Tudo, faci- lidades de vida, bem estar, repouso, dependia tao somente n essa zona das variances climatericas.

As chuvas podiam trazer a fertilidade e mesmo a abas- tanga. Riqueza, porem, riqueza verdadeira, continua, incon- troversa, nao a possuia semelhante extensa secgao que, no seu littoral uberrimo, produzia apenas um assucar muito mal fabricado pois que os methodos defeituosos por que era obtido so podiam fornecer um producto bastardo - - do qual ja se queixavam os importadores europeus e que apenas achava consumo porque nao existia entao o assucar de beter- raba, e nos seus altos taboleiros o algodao que as fabricas inglezas recambiavam manufacturado em tecidos, apurando o melhor do lucro. E quanto mais para o Norte se cami- nhava, menos condicoes de real prosperidade se iam descorti- nando. Abafam alguns valles sob uma vegetagao luxuriante que espelha a fortuna, mas na paizagem sertaneja de campos e serrotes, e a inconstancia que de ordinario se mira nas la-

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