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Página:Dom João VI no Brazil, vol 1.djvu/204

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182 DOM JOAO VI NO BRAZIL

honestidade. No Rio de Janeiro pullulava um mundo de ineptos e parasitas. "Aqui, Deus louvado, exclamava Mar- rocos, he huma ignorancia soffrega, ou huma soffreguidao material" ( i ) . Era gente essa, que em grande parte tinha emigrado de Lisboa pretextando lealdade e devogao a pes- soa do Regente e reclamava agora fartos meios de subsis- tencia, em troca dos que lembrava haver abandonado no Reino a cobiga franceza. As cartas de Marrocos quasi so se referem a empregos concedidos, pretendidos, creados, sug- geridos, disputados. Ate o anno de 1819 a folha das pen- soes annuaes pagas do bolsinho do soberano, que tanto valia entao dizer o Erario, subia a mais de 164 contos, devendo nos para estimagao duplicar o valor da moeda. Ao discri- minar a populacao do Rio, Luccock conta um milhar de em- pregados publicos e outro milhar de dependentes da corte (2).

Nunca talvez como n esses dias se desvendou tanto em Portugal o intimo accordo, feito todo de interesse e de depen- dencia, que entao ligava a realeza absoluta e as classes pri- vilegiadas. O Principe Regente nao desmentiu as tradigoes da coroa, antes se portou por occasiao da retirada para o

��(1) C-anta de 11 de Janeiro de 1812.

(1>) Por esta estatistica eram 500 os legistas, 200 os medicos e 2.000 os lojistas, o que prova qiie si prosperava o negocio, tambem m^edrava a chicana. Nao deixava j.gualmen te de ter for tuna a religiao, < xistmdo no Rio um exercito de 700 roligiosos, entre vegulares e se- culares, muito melhor rotribuido do que a genuina instituigao militar. Note-se que Dom Joao VI, son do supersticioso, nada tinha de beato, mem obedecia a imfhienicia do eiemento monastico. A su-a biograpMa anonyma de 1S27 chcsa a dizer que elle nao prezava em extremo os frades e nao mostrava fervor na pratica dos deveres religiosos, des- curando me.smo a comfissao. O seu cultivo do canto-cliao era apenas uma face da sua paixao pela miisica e a sua convlvencia com monges uma in.anifesta^ao do seu espirito affavel e tolerante. O Padre Luiz (;,,)i(.-;:lvrs (Ics Sanclos da para a capital o numoro de .320 religiosos, n uina cpocha comtuido anterior fuiui lla cm que o comincrcijiutc reujiLu a^ auas valiosas notas.

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