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DOM JOAO VI KG BRAZIL

nava-se com mais rigor o comportamento dos clerigos; cui- dava-se com mais zelo da decencia do culto, compromettida pelas frequentes desavengas e demandas de confrarias contra curas e vigarios contra cabidos; animava-se a formagao de irmandades, mesmo de negros, que assim se tornavam bem irmaos dos brancos pelo menos diante de Christo, ganhando a exterioridade religiosa com a solidariedade das devogoes. Encontravam-se pois aos poucos annos menos immorali- dade e mais respeito na funcgao religiosa, menos combativi- dade e mais disciplina entre os fieis, talvez mesmo no espirito

menos superstigao e mais conceito evangelico, si bem que nao tivesse ficado desprezado o lado do cerimonial, alcan- ^ando pelo contrario verdadeiro esplendor. A Capella Real passou a reflectir as magnificencias da Patriarchal de Lis- boa, de cujas regalias se vio em grande parte dotada. Logo no anno da sua chegada elevou o Principe Regente a monse- nhores os cinco dignitaries do cabido da Se (deao, chantre, thesoureiro-mor, mestre-escola e arcediago), aggregando-lhes um arcipreste, e augmentou o numero dos capitulares e de todo o pessoal, dividindo os conegos em duas cathegorias, presbyteros e diaconos, e concedendo-lhes o uso do roquete, capas magnas roxas e murgas encarnadas. ( I )

Da pompa do culto derivou-se um effeito salutar sobre os habitos domesticos, mais se relaxando a reclusao feminina. Attrahidas pela grandeza desusada das cerimonias, entra- ram as mulheres a frequentar com maior assiduidade ainda as egrejas e, por consequencia, a comparecer nos diverti mentos profanes que constituiam o ordinario acompanha-

��(1) Monsenfaor Pizarro, Memoria-s do Rio de Janeiro, Tomo VIII, 1822.

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