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DOM JOAO VI NO BRAZIL 243

ceiava ver desapparecer uma das principles bases sobre que a metropole assentava a sua superioridade. Na colonia exis- tiam capacidades, bem se sabia no velho Reino, tanto melhor quanta o seculo XVIII portuguez fora intellectualmente de metade brazileiro. O que faltava em absolute era univer- salidade de educagao, justamente o que aquelle designio as- pirava a introduzir no nosso meio espiritual.

Em compensate Dom Joao VI e o conde da Barca, inimigo politico -de Linhares e seu digno emulo na intelligen-- cia e na cultura, deram principio a uma Academia de Bellas Artes ( i ) , organizada com artistas francezes de merito e reputagao contractados por intermedio do marquez de Ma- rialva, embaixador em Pariz depois da restauragao dos Bour bons, o mesmo casquilho de quern Garrett escreveu que, apoz morto, as hetairas parisienses disputaram para recorda- gao anneis do cabello. Ha ate quern julgue, e Debret o insi- nua, que a primeira idea da Academia nasceu das conversa- goes de Alexandre de Humboldt com aquelle diplomata e illustre fidalgo portuguez, que em Franga soubera constituir- se um circulo de artistas, sabios e homens de lettras, para ajudar e soccorrer os quaes estava sempre generosamente franca a sua bolsa.

Barca era alias bem capaz de ter elle so tido a lem- branga, si Dom Joao VI nao fosse o amador esclarecido que desde Lisboa se revelara na proteccao dispensada a artistas nacionaes, e tambem estrangeiros como o famoso gravador Bartolozzi. Esse gentilhomem affavel e distincto, tao com- pletamente do seu fim de seculo, tao filho d aquelLe periodo de transigfio ; esse bibliomano por tantos annos valetudinario ; esse aristocrata sem pretengao e sem preconceitos, com uma

��(1) Foi primeiro chamada Escola <de Sciencias, Artes e Offlcios.

D. J. 16

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