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Página:Dom João VI no Brazil, vol 1.djvu/274

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252 DOM JOAO VI NO BRAZIL

conhecimento pelas desconsideragoes e suppressdes que ella encerrava no que Ihes dizia respeito. O ministro foi, porem, mais uma vez de encontro a perenne inercia das reparti- c,5es. O director portuguez, bem conhecendo que nao era a energia o caracteristico principal de Thomaz Antonio, nao cumprio as ordens recebidas, o tempo foi-se passando, vie- ram as agitacoes revolucionarias, e em Abril de 1821 re- gressava a corte portugueza para Lisboa, votando ao aban- dono os figurantes d esse bello tentamen artistico, os perso- nagens d esse verdadeiro sonho da Renascenga. A Academia de Bellas-Artes ideada pelo Rei, por um gentilhomem faus- tuoso e por um estadista affeigoado as cousas do espirito, so conseguiria abrir suas portas depois de acalmada a exci- tagao patriotica, que assignalara a emancipagao politica e distinguira a implantagao de um arremedo de systema consti- tucional que aos poucos teria que ir assumindo o aspecto da realidade.

O incontestavel progresso material e moral da colonia, praticamente emancipada desde que a corte portugueza n ella se fixara, posto que com a intenc.ao geral de constituir apenas um prolongamento provisorio da de Lisboa, com o mesmo pessoal, os mesmos habitos, as mesmas tradigoes, o mesmo caracter, fora gradualmente produzindo um effeito inesperado, ou que pelo menos nao entrava seguramente nas conjecturas e esperan^as de Dom Joao VI e dos seus minis- tros Linhares e Barca: o de distanciar espiritual e politica- mente os subditos dos dous continentes, tanto ou mais quanto os havia distanciado a natureza, desdobrando amplamente as aguas do Oceano, imagem do abysmo que de futuro teria, nas aspiracoes nacionaes da epocha, que desunir fundamental- mente Portuguezes e Brazileiros. Tudo alias ia concorrendo

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