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6 DOM JOlO VI NO BRAZIL

ria I, aggravando com os uivos da loucura, pesadelo do filho extremoso, as continuadas e amargas reflexoes do Regente. Em seguida o vergonhoso comportamento de Dona Carlota Joaquina, traidora como conjuge, conspiradora como prin- ceza, desleal sempre e sem interrupgao. Sua perfidia che- gara ao ponto de querer em 1806 dar por demente o marido para assumir o poder com lima alcatea de fidalgos cupidos, os quaes se teriam visto roubados porquanto o intento de Beurnonville, o agente diplomatico francez cujo dedo andava n esta trama como nas sizanias da real familia hespanhola, era fazer passar o governo de Portugal as maos do principe da Paz, entrando no jogo o Rei da Hespanha na qualidade de tutor natural do seu neto, o Principe da Beira, uma vez repellida Dona Carlota pelo paiz como indigna da regencia. Para coroar tao triste viver, a humilhagao e o vilipendio que a fraqueza acarretava todos os dias ao Reino da parte dos gabinetes estrangeiros.

Tern sido em extremo censurada a direccao impressa no final do seculo XVIII a politica portugueza, verberadas a hesitacao e a duplicidade da diplomacia do Reino. Uma era porem o resultado da outra. Porventura nao se ha le- vado sufficientemente em conta a posic,ao delicadissima de uma nagao cuja debilidade a faria fatalmente gravitar na orbita de influencia de outra potencia mais forte, cujo regi men administrativo era o autocratico, e cujo immenso im- perio colonial, tao vasto quanto vulneravel, estava no mais completo desaccordo com os meios de aqrao de que a metro- pole dispunha para o defender e o manter. Era Portugal portanto uma nagao cujas tradigoes a levavam a combater as ideas da Revolugao e cujos interesses a compelliam a pro- curar garantir a integridade do seu dominio, nao apenas europeu como transatlantico ; n uma palavra, que era sa-

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