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DOM JOAO VI NO BRAZIL 7

cudida instinctiva e simultaneamente nos bracos da Hespa- nha e nos da Inglaterra, nos do paiz essencialmente reaccio- nario e nos do paiz essencialmente maritimo, aquella a mo- narchia que abrigava a Inquisigao, esta a potencia que domi- .nava o Oceano.

A amizade ingleza por tal forma representava um axio- ma necessario para os homens de Estado de Portugal que, nas negociaqoes para a paz com a Franca, em 1801, o que elles mais a peito tiveram salvaguardar foi a neutralidade portugueza, incompativel com qualquer hostilidade que pu- desse ser testemunhada a Gra Bretanha. Nas ultimas ins- trucgoes ( I ) mandadas ao marquez de Niza, quando andou em missao diplomatica por Sao Petersburgo, sob pretexto de cumprimentar o Czar pelo titulo que recebera de Grao Mestre da Ordem de Malta, de facto para solicitar os bons officios imperiaes nas negociagoes pendentes, era facultado ao enviado acceitar a condicao de fechar os portos portuguezes aos na- vios de guerra e corsarios das potencias belligerantes, mani- festando assim o Reino a mais perfeita neutralidade. Nao se Ihe permittia comtudo admittir a condicao de fechar os portos aos Inglezes sem motivo especial, porque seria ex- por-se o paiz a uma guerra ruinosa para suas colonias da Asia, Africa e America e para seu commercio. D este depen- dia alias, na phrase das instruccoes, a sua subsistencia abso- luta: um bloqueio de Lisboa e Porto reduziria pela fome o Reino, visto faltar a Portugal pao para o sustento de mais de quatro mezes do anno.

Tambem a influencia britannica em Portugal constituia uma feicao adquirida e ja peculiar da politica peninsular, da- tando o seu inicio do tempo das pelejas continentaes dos

(1) InstrutcQoes de 21 de Abril de 1801, no Archive Publico do Rio de Janeiro.

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