DOM JOAO VI NO BRAZIL 291
Nem no Rio da Prata se podiam enganar quanto as ameacas que para a integridade do dominio hespanhol repre- sentava a trasladacao para o Brazil da sede da monarchia portugueza, com suas vistas nunca abandonadas de expan- sao platina, sempre a espreita da occasiao opportuna para se manifestarem. A vinda da familia real aqui causou a mais profunda sensagao, escrevia ao generalissimo principe da Paz o vice-rei Liniers, e sao manifestos os receios de encor- poracao ( I ) . Accrescentava o valoroso Francez que, como meio de "afogar em seus comegos o desalento, e dar aos espiritos o vigor necessario n uma crise tao extraordinaria como digna da maior attengao", tratara logo de cimentar a confianga da colonia nos proprios recursos militares, os quaes elle com tamanho exito aproveitara e empregara contra os Inglezes vindos do Cabo e que se tinham apoderado de Buenos Ayres; mas que a sua situagao era mais do que dif- ficil, sem dinheiro e quasi sem armas, e com soldados inexpe- rientes. Entendia por isso nao dever oppor uma recusa ir- ritante a approximagao pacifica tentada do Rio, sempre que a nova corte mostrasse respeitar a autonomia hispano-pla- tina.
N este mesmo informe (2) dizia Liniers ter recebido cartas do governador de Porto Alegre e do entao brigadeiro Curado, auctorizado pelo Principe Regente para tratar sobre os meios de continuar o reciproco commercio entre os habi- tantes das provincias do Prata e os vassallos portuguezes e americanos, "na forma que se esta praticandb com bandeiras simuladas." A corte do Rio de Janeiro nao perdia, pelo que se ve, tempo em ajustar suas relac/Ses com as possessoes
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