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488 DOM JOAO VI NO BRAZIL

por uma vez grandiloquente dizia Palmella, com o exercito portuguez triumphante no seu coracao, se sujeitara ao que Ihe fora imposto.

A suggestao de Talleyrand tanto mais sensata parecla quanto Palmella assegurava que a forma, nao o fundo do ajuste de paz de Pariz e que fora julgada opposta ao decoro do Principe Regente de Portugal, nao existindo, segundo alii mesmo se exarara, accordo algum previo entre Portugal e os sens alliados que implicasse a restituigao da Guyana, e so havendo o plenipotenciario portuguez sido chamado quando estava tudo concluido, para assignar aquillo que ou- tros tinham tratado sem elle e por elle. A Franga andara, protestava Tallej^rand, de perfeita boa fe, e si o tratado era no entender de Portugal indecoroso e lesivo, a respectiva indemnizacao devia ser reclamad-a da Inglaterra que o nego- ciara; accrescendo que a circumstancia de ser chamad o no ultimo momento o embaixador portuguez em Londres para o subscrever em virtude dos plenos poderes eventuaes que tinha na sua pasta, significava que o representante britannico nas conferencias preliminares de Pariz bem sabia que a resti- tuicao estipulada nao dependia do arbitrio d elle mas da annuencia do governo portuguez.

Toda esta velhaca argumentagao de Talleyrand foi conscienciosamente transmittida por Palmella a lord Castle- reagh, que a recebeu com pouco disfargados rompantes de mau humor, por saber exactamente que a Inglaterra nao ti nha auctorizacao do governo do Principe Regente para a cessao de uma conquista pela qual, conforme ponderava Pal mella, Portugal havia feito grandes sacrificios de sangue e de dinheiro, e pago para cima de 32.000 libras esterlinas so a officiaes de marinha ingleza, pelas partes que pretendiam ca-

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