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530 DOM JOAO VI NO BRAZIL

sas. Em primeiro lugar era impossivel esquecer mais que um momento houvefa, ja passado felizmente porem bem assigna- lado, em que o Brazil fora a taboa de salva^ao da dynastia portugueza, a ancora da monarchia batida pelas tempesta- des, que permittio ao baixel desmantelado dar fundo e ver raiar no horizonte uma luz tao esperangosa que ate Ihe des- cobria uma perspectiva gloriosa. ( I )

A mesma consideracao que presentemente se impoe ao historiador ou ao simples observador do periodo historico a que Dom Joao VI presidio, com muito mais intervengao pes- soal do que se poderia a primeira vista esperar do seu tempe- ramento apathico, plena responsabilidade das decisoes to- madas e perfeita consciencia da trajectoria percorrida, de- viam tel-a feito os homens de Estado de entao: si Portugal, como tudo fazia crer em 1807, ficasse absorvido no systema napoleonico, a Casa de Bragan^a nao desappareceria como contingente dynastico, nem desappareceria a Coroa portu gueza, continuando a vicejar, alem mar, a velha monarchia europea; e com ella se perpetuava a vida independente da nacionalidade avassallada.

N um periodo de um dos officios de Rodrigo Navarro de Andrade, encarregado de negocios de Portugal em Sao Pe- tersburgo, quando se deu a trasladagao da corte de Lisboa para o Rio de Janeiro, encontra-se, em incolor linguagem

��(1) Uma das cartas secretissimas de D. DomiBgos, no pacote citado, recommenda calorosamente o vi-ce-rci nomeado para substituir Liniers em Buenos Ayres, D. Pasquale Ruiz de Hemdobrio, o qual, no dizer do embaixador ao irmao D. Rodrigo, teria recebido ordom de tocar no Rio de Janeiro afim de dar parte das ideas em qu,e estariam . os Hespanhoes, ja sublevados contra os Franceses, de fazerem recahir na Infanta Dona Carlota a successao do tnrono dos sens Principes, captives em Francja. segundo se julgava para sempre.

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