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DOM JOlO VI NO BRAZIL 51

Reino, que alguns conspiradores de tendencias francezas quizeram, segundo se conta, esconder do Principe Regente, interceptando as communicagoes dos commandantes da fron- teira com o palacio de Mafra, onde acampavam aquelles trai- dores, no intuito de fazerem surprehender a familia real pelo general Junot ( i ) . Factos occorridos pouco tempo antes confirmam amplamente a supposigao de deslealdade da parte de algum do pessoal que cercava Dom Joao, sobre o qual exercia fascinagao a gloria, ou appello a corrupc.ao do Imperador dos Francezes. Os despachos do governo inglez, mandados de bordo por sir Sidney Smith a 22 de Novembro, tiveram comtudo a propriedade de tirar as ul timas illusoes ao Principe Regente, que a vista d elles de- cidiu de repente passar para a Ajuda. Em menos de cinco minutos, escreve O Neill com um exaggero bem irlandez, setecentas carrogas carregadas estavam a caminho de Lisboa, onde iam ter lugar os Conselhos d Estado que decidiram a trasladagao.

O gabinete de St. James levou adiante o seu jogo. A frente da reparticao dos negocios estrangeiros achava-se Canning, cuja ulterior carreira prova a saciedade que era o homem das resolucoes opportunas e acertadas. A mudanga da familia real portugueza para o Brazil estava em princi- pio decidida havia tempo, mas pode dizer-se que foi Canning quem verdadeiramente a induziu na occasiao precisa. Por ordem do seu chefe baixou lord Strangford a terra no dia 27, com bandeira de parlamentar e tendo previamente solicitado uma audiencia do Principe Regente, para repetir directa- mente a este o que ja, dias antes, communicara ao governo portuguez, a saber, que os dous unices meios de fazer le-

��(1) O Neill, ob. clt.

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