DOM JOAO VI NO BRAZIL 591
o delirio das paixoes e fosse impossivel estabelecer uma si- tuagao seria e calma (i).
Garcia nao considerava deshonrosa a intervengao por- tugueza porque em rigor nao partia, dizia elle, de uma po- tencia estrangeira, sim de uma nagao de interesses vincula- dos aos destinos do continente, para cuja emancipagao con- tribuira efficazmente, ahi installando a sede da sua monarchia muitas vezes secular. A irmandade das conveniencias so se daria verdadeiramente porem em 1822, quando a separagao determinasse para o Brazil uma situagao analoga a das colo- nias hespanholas libertadas pelo movimento que irradiou dos seus dous centros de propulsao, em Venezuela e no Rio da Prata, e o tornasse realmente solidario com ellas na necessi- dade do reconhecimento da sua independencia. Entre o Im- perio e a Republica Argentina, alem do regimen politico di verso que cada um d estes paizes entrou a symbolizar, exis- tiria todavia entao o obice da Cisplatina que sempre acir- rara as duas metropoles e continuaria a dividir as duas novas nagoes - - porquanto, dos arrazoados de Garcia e da marcha de Lecor, o que ia resultar era a annexagao portugueza da Banda Oriental sein o restabelecimento da ordem e segu- ranc,a na margem occidental do Prata.
Relata um escriptor argentine (2) que o pai de D. Manuel Jose Garcia escrevia ao filho para o Rio de J.a-
��Cl) : * Bstoy persuadido, y la experiencia. parece haberlo demos- tvado, que nocositamos la fnorzu de un poder estrano, no solo para terminal- nwstra contienda, sino para frrmai mo.s un centre comim de aiitoridad, capaz de organizar el caos en que estAn eonvertidas nues- tras provineias, y en la eseala de las .necesidades publicas cuento pri- TiiiM o la de no recaer en el sistema colonial. En tal situa cion es preciso renunc-iai- a la (>speran/a de cegar por miestras manos la fueBte de tantos .males." OonummicaQao de Garcia a Balcarce, de 9 de Junho de 1816, na Hist, de Belgrcvno, vol. II).
(2) IX Miguel Cane mo estudo sohre a diplomacia da Revolu<jao, publicado na revista La Biblioteoa, anno de 1897.
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