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Página:Dom João VI no Brazil, vol 2.djvu/444

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1008 DOM JOAO VI NO BRAZIL

mais suave e penetrante do padre Jose Mauricio, a quern con- decorara com o habito de Christo desde 1810, dando im- mediatamente e so por si o valor devfdo a maneira fina- mente melodiosa, sem grandes effeitos orchestraes, que fa- ziam do padre um Mozart, comparando-o com o genio mar- cadamente italiano do seu illustre emulo.

Os dous compositores, si personificavam correntes mu- sicaes divergentes, tambem inconscientemente symbolizavam correntes politicas oppostas, anticipando-se o conflicto ar- tistico ao patriotico. Era Jose Mauricio Nunes Garcia um producto espontaneo do genio nacional, pois tudo quanto valia, devia tao somente a sua intuigao artistica, ao contrario de Marcos Portugal que vivera algum tempo e aperfeigoara sua faculdade na terra classica das artes.

O brazileiro nunca sahira com effeito do Rio, onde nas- cefr em 1767 e estudou com proveito suas humanidades, co- nhecendo bem, no dizer do seu biographo Porto Alegre, geo- graphia, historia, philosophia, francez, italiano, inglez, latim, e grego. Preferiu comtudo a ser professor de philosophia, depois de ordenar-se, o entrar como mestre de capella para a .Se, dando assim a melhor applicagao d aquelle tempo ao seu talento musical: talento complete, porquanto Jose Mauricio nao so tocava dous instrumentos, improvisava melodias e possuia uma prodigiosa memoria acustica, como, dotado de uma bellissima voz, cantava admiravelmente (i).

Ao chegar em 1808, a familia real encontrou na cathe dral, nas funcgoes de organista, o compositor que desde 1799 com desvelo se esforgava por propagar o gosto ingenito pela musica entre os seus compatriotas, sahindo da aula es-

��(1) Biographla cit

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