DOM JOAO VI NO BRAZIL 1009
pecial que regia, cantores, instrumentistas e ate compositores. Nomeou-o o Regente inspector de musica da real capella, onde gragas a augusta influencia, perfeitamente correspon- dida, se conseguiram resultados maravilhosos, subindo ainda de esplendor as funcgoes religiosas da nova capital quando, em 1810, chegou de Lisboa Marcos Portugal (i), acompa- nhado de vocalistas e concertistas.
Em 1815 possuia a Capella Real um corpo de 50 can- tores, entre elles magnificos virtuosi italianos, dos quaes al- guns famosos castrati, e de 100 executantes excellentes, diri- gidos por dous mestres de capella, avaliando Debret os gas- tos com esses artistas em 300.000 francos annuaes. Tam- bem, no dizer dos entendidos, o Miserere de Pergoletti se
��(1) Marcos Portugal foi o meat re de musica do,s filhos de Dom Joao VI e ficou vivendo no Rio ate fallecer, durante a Regencia. O irascivel Marrocos nao podia support.ar o sen afamado patricio, a quem nas cartas trata sempre desdenhosamente de "rapsodista, candidato na Fidalguia pela escala do Do, Re, Mi. e barao de Alamire." O teiro parece ter comecado no dia em que Marcos Portugal, "indo ver os Manuscriptos por faculdade de S. A. R., teve a insolentissima ousadia de me dizer que todos elles juntos nada valiao, e que S. A. R. nao fez bem em cs mandar vir, ant^s deveriao ser recolhidos n.a TOT re do Tombo ! Logo me lembrei o dito de Horacio : risutn teneatis, aniici ; porem mettendo a cousa a disfarce, olhando para os ares, Ihe res pond! : que o tempo estava mudado e que promettia chuva. Foi tao besta. que nao entendeu ; antes, dando quatro fungadellas, voltou costas, e poz-se a ler os versos de Thomaz Pinto Brandao. Que las- tima!. .. (Carta de 3 de Julho de 1812).
N outra carta de 7 de Outubro do mesmo anno, escrevia elle com a misma prevengao : "Marcos Antonio Portugal esta feito hum Lord com fumos mni subidos. Por certa Aria, que elle compoz para cantarem trez Fidalgas em dia d annos de outra, fez-lhe o Conselheiro .Toaquim Jose de Azevedo (Rio Kecco) hum magnifico prezente. que consistia em 12 duzias de garrafas de vinho de Champagne (cada garrafa do valor de 2$800 reis) e 12 duzias ditas de vinho do Porto. Elle ja qtier ser Commendador, e argumenta com Franzini, e Jos6 Monteiro da Rocha." I
Aos olhos de Marrocos o compositor era sobretudo culpado de ter obtido do Principe Regente uma sege effectiva, racao de guarda- roupa, G00$000 reis de ordenado, "e do R. Bolsinho aquillo que S. A. R. julgasse Ihe era proprio e conveniente", alem de ser director geral de todas as funcr;oe.s ptiblicas, assim de igre.ja como de theatro. Nem Ihe excitava a sympathia o estupor qiie soffrera Marcos Portu gal, "de cujo ataque ficou leso de hum brago" (Carta de 20 da Qutu-
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