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DOM JOAO VI NO BRAZIL 1075

Semelhante abstengao nao devia portanto ser tomada, conforme se rumorejava no Rio, como um indicio de prote- ccao indirecta a causa da revolucao: desconfianga injusta, commentava lord Castlereagh, a que o gabinete de Londres nao queria dar peso e que o nao demoveria do seu proposito, a bem da realeza e do reino, de obstar a que as grandes po- tencias avocassem um papel activo nos negocios portugue- zes ( i ) .

D. Jose de Souza acabara alias por se capacitar de que a posicao assumida pela Inglaterra offerecia a grande vanta- gem de poder o seu governo efficazmente interpor uma mediagao entre a coroa e as cortes, si estas por acaso re- sistissem a conciliagao imaginada pela coroa. As relacoes tradicionaes entre os dous paizes, a sua mutua situagao geo- graphica (2), a neutralidade affectada por aquelle governo estrangeiro no conflicto, tudo o fadava para um papel pa- cificador, que de certo entrava nas intencoes da Gra Breta- nha, mas que Ihe nao foi dado desempenhar porque o movi- mento liberal de 1820 logrou por si enlagar o throno.

Pretexto algum restou ao gabinete de Londres para in- terferencias. As probabilidades de uma cooperagao constitu-

��(1) Corresp. de Lonclros, 1820-1821, no Arch, do Min. das (Rel. Ext.

(2) Os solxn-nnos alliados, quando quizcssom intM-vir, estavarn condemnados a se nao podercm sovvtr nem da via mavitirna, domi- nando a Inglaterra as commimicagoes oceanicas. nem da 1"rr "stiv, oppondo-so c\ ])ass;iKem dc trop;is p>elo seu territorio, <iuando nao a Franra, a TlospanliM const ilucionnl (iuc jtrotestara de antcmao contva Mn:ics(|i.K<r de lihei-i-a.-oes de Troppan. d- stinadas a comprimir a liber- dado dos PDVOS. I >(> rcsto as intervencoes conjunctas tinham muito de a]i>a l orio. A Austria estfiva sosinha em. campo na Ttali-a, sem <j\io jnl- ^ass," devor ajudal-a inatcrialm-ente a Russia, comcpianto a padroeira do ahsolutismo. I or isso esc re via sentenciosamente de Ix)ndres I). Jose do Souza: "Considero a alliam;a da Inglaterra a mais utU, mas estou lon.uc de dcscjar que nos deixemos dominar por ella." (Corresp. de Londres, 1820-1821, ibidem).

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