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DOM JOAO Vl NO BRAZIL 633

Uma recusa nao deixaria mais duvida sobre as inten- coes reaes de Portugal, a cujo governo seriam imputados com razao os desastrosos effeitos que pudessem advir a am- bos os hemispherios. "A Hespanha, dizia a nota, depois de ter visto toda a Europa applaudir o seu sabio e moderado comportamento, acharia na justiga da sua causa, e no apoio dos seus alliados, meios sufficientes para remediar seus ag- gravos."

Tambem para a corte do Rio admittir mais explicita- mente, quando possivel, que a expedigao contra Montevideo fora de algum modo e ate certo ponto feita de connivencia com o governo de Madrid, com o fim de atalhar os progres ses da revolugao ultramarina, traria como resultado con- citar contra o novo Reino americano todas as colonias hes- panholas revoltadas, justificando as prezas de navios portu- guezes que ja entravam a ser feitas pelos corsarios do Rio da Prata e podiam ser objecto principal de corsarios das outras possessoes belligerantes. Outrosim tornaria mais impo- pular a guerre, cuja desculpa unica aos olhos dos Brazilei- ros residia no engrandecimento territorial que proporcio- nava.

Em verdade teve o gabinete do Rio que defender di- plomaticamente, e com tenacidade igual a do ataque, o seu proceder contra a Hespanha e os alliados naturaes d esta, fieis a causa do statu quo ante bellum com as variantes, hem entendido, introduzidas pelo Congresso de Vienna, e sym- pathicos em principio a recolonizagao da America Hespa- nhola. Na Europa se escrevia e se acreditava que o repre- sentante russo chegava a retirar-se do Brazil, em 1817, sem se despedir do monarcha e seus ministros por nao ter querido o governo portuguez attender as suas representagoes adver-

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