DA MINHA ALMA.
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Parece d'ellè emanado,
Esse genio sublimado,
Que á tua mente esclárece.
Esse auctor da —Harpa do Crente,
Que nos diz tão docemente
Do desterrado as tristezas;
Esse Poéta estrangeiro,
Louvor teceu verdadeiro
De tua musa ás lindezas.
Elle, ó Vate, conheceu
Que tinhas no livro teu
Toda a tu' alma entornado;
Ora ardente, impetuosa,
Ora sentida e queixosa,
Carpindo azares do fado.
Eu creio que Deus te ensina
Essa linguagem divina,
Em que aos anjos sóe fallar;
Só Elle o gosto te inspira,
Com que vibras essa lyra,
Que tanto sabe encantar.