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Página:Echos de Pariz (1905).pdf/134

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mo um certo egoismo pachorrento — como superiormente o prova Sancho Pança. Mas conhecendo e pesando bem o que vae perder — marcha jovialmente e tudo perde com enthusiasmo, porque se trata da sua patria.

Não ha na alma hespanhola sentimento mais poderoso que este de patria. Os cafés de Madrid, ou de Sevilha, estão atulhados todas as noites de descontentes, que maldizem da cousa publica, e berram, emborcando largos copos d’agua e aniz, que em Hespanha tudo vae mal e que a Hespanha está perdida! Mas que alguem de fóra passe e atire uma pedra á terra de Hespanha, ou finja simplesmente que atira a pedra — e todo esse povaréo se ergue, e ruge, e quer matar, e quer morrer, para vingar não só a pedrada, mas o gesto.

O hespanhol, com effeito, apesar de que tanto resmunga nos botequins, tem uma ideia immensa da sua terra. Basta testemunhar a maneira ardente e ovante como elle pronuncia mi terra! Para elle a Hespanha é a maior das nações — pela força e pelo genio.

Ha aqui certamente um orgulho tradicional, hereditario, vindo dos seculos de dominação e de verdadeira superioridade. Muito bom hespanhol vive ainda, por uma illusão magnifica, na Hespanha do passado, e não se compenetrou da decadencia, e ainda pensa que os regimentos de Madrid são os velhos e temerosos terços de Carlos V, e que qualquer piloto do Ferrol ou de Carthagena poderia redescobrir as Indias,