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(e é d’estas magras viandas que hoje se nutre a maioria dos civilisados) facilmente se toma o habito de ir espalhando estouvadamente, sobre os homens e sobre os factos, juizos ephemeros e ocos. E eu proprio, por humildade, para não estender uma orgulhosa abstenção do peccado commum, comecei por dar aqui, sobre o snr. Brunetière — um juizo ligeiro, nascido de impressões fugidias.


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A outra accusação feita á imprensa pelo douto académico é a da bisbilhotice, de indiscreta e desordenada reportagem.

Ha aqui alguma ingratidão da parte do snr. Brunetière. Para a critica, sobretudo como elle a comprehende e exerce, a reportagem é a grande abastecedora de documentos. Quanto mais detalhes a indiscrição dos reporters revelar sobre a pessoa do snr. Zola, e os seus habitos, e o seu regimen culinario, e a sua roupa branca, tantos mais elementos positivos terão os Brunetière do futuro para reconstruir com segurança a personalidade do auctor de Germinal, e, através d’ella, explicar a obra. Não é indifferente saber como era feito o nariz de Cleopatra, pois que do feitio d’esse nariz dependeram, durante um momento, como muito bem diz Pascal, os destinos do Universo. Mas, como a reportagem ainda se exerce, não só sobre os que influem nos negocios do mundo ou nas direcções do pensamento,