Página:Eneida Brazileira.djvu/118

Wikisource, a biblioteca livre

Esteril nome»! - Assim queixoso, e ás aras
Pegado, ouvido foi do Omnipotente;
Que os olhos volve á côrte em que os amantes
A fama esquecem: «Vai, Mercurio, invoca
245Os zephyros, nas pennas te deslisa,
Filho; e a Byrsa, onde aguarda em ocio Enéas,
Sem respeito ás muralhas concedidas,
Sôbre as azas do vento este recado
Leva-lhe. Tal a genitriz formosa
250Não nol-o prometteu, nem duas vezes
Para isso o vendicou das armas gregas;
Antes seria quem regesse a Italia
De imperios grávida e a bramir por guerras,
Quem, propagando o altivo sangue teucro,
255Avassallasse o orbe. Honra tamanha
Se o não incende, nem se afana e lida
No alcance do louvor; he pae de Ascanio
E lhe inveja as romanas fortalezas?
Que faz? que espera entre inimiga gente?
260Nem lhe importa Lavino e a prole ausonia?...
Navegue: em summa, esta a messagem; parte.»
A’ voz do excelso pae se inclina e apresta:
Calça os aureos talares com que adeja
Sublime sôbre as terras, sôbre os mares,
265Como rapido sôpro. A vara empunha,
Com que as pallidas almas do Orco evoca,
No Tartaro sombrio outras afunda,
Tira e dá somnos, e da morte o sêllo
Nas palpebras imprime. Afouto as brizas
270Com ella parte, e os nevoeiros trana.
E já no surto avista o pino e encostas
Arduas de Atlante duro, que em seu tope
Aguenta o firmamento; o velho Atlante
Que de assiduos bulcões tolda a cabeça
275Pinífera, açoutado de aguaceiros