De serena esperança a fronte ameiga:
«Os parabens, irmã, que achei maneira
De attrahil-o ou soltar-me desse ingrato.
Nos confins do Oceano, para o occaso,
525Um lugar derradeiro ha na Ethiopia,
Onde o maximo Atlante ao hombro o ardente
Eixo estrellado vira. Entre os Massylos
Dalli sacerdotiza me inculcaram
Do templo das Hesperides, que os sacros
530Ramos guardando n’arvore, a comida
Ao dragão ministrava, untada em succo
De mel e dormideiras. Com seus carmes
Solver, gerar paixões; rios promette,
Astros atrás tornar, e infernos manes
535Revocar: sob os pés mugindo a terra,
Verás descerem da montanha os ornos.
Pelo céo, cara irmã, por vida tua,
Juro que invita á mágica recorro.
Tu lá dentro ergue ao ar secreta pyra,
540E a roupa e as armas sobrepõe desse homem,
Que impio as deixou na camara pregadas,
E o tóro em que eu perdi-me: do malvado,
A maga o ordena, apaguem-se as memorias.»
Cala, e tingiu-se de pallor. Comtudo
545Que os funeraes no sacrifício encubra
Nem Anna o crê, nem tal furor suspeita,
Ou nada mais sinistro que na morte
De Sicheu teme: tudo emfim prepara.
Ao ar, com achas de azinheira e pinho,
550N’um claustro escuso erecta ingente pyra,
Colgado de capellas, a raínha
De rama funebre o lugar coroa;
Não do futuro ignara, sôbre o leito
Colloca a teucra espada, a roupa, a effigie.
555De altares cérca-se, e em cabello a saga
Página:Eneida Brazileira.djvu/126
Aspeto