Página:Eneida Brazileira.djvu/189

Wikisource, a biblioteca livre

Só quanto a vista alcance dos que as seguem,
Ellas avançam: perto das gargantas
Do pestilente Averno, alando-se ambas,
Sulcam o ethereo fluido, e emfim descahem
210Na duplice anhelada arvore, donde
Reluz discorde brilho entre a ramagem.
Qual visgo sohe, no alheio pé gerado,
Verdecer e enramar-se ao brumal frio,
Nos troncos enrolando os croceos gomos;
215Na enzinha opaca tal vegeta esse ouro,
E a folheta crepita á branda aragem.
Delle, inda assim tardio, ávido Enéas
Péga, rapido o quebra, e á vate o leva.
Não menos a Miseno os seus lamentam,
220Na praia honras prestando á ingrata cinza.
Formam de achas de roble e piceas têas,
De atras folhas tecida, a excelsa pyra;
Põem-lhe adiante exequiaes cyprestes,
No alto a decoram de fulgentes armas.
225Aquecem caldeirões que em ondas fervem,
Lavam-lhe o frio corpo, e todo ungido,
A gemer e a chorar, no esquife o deitam;
Vestem-lhe o usado purpurino manto:
Outros o ingente féretro carregam,
230Triste mister, sustendo, ao modo avíto
Averso o rosto, os sotopostos fachos;
Conjunto na fogueira o incenso fuma,
Viandas, copas de infundidos oleos.
Com vinho, assente a cinza e quêda a chamma,
235O borralho poroso e o resto apuram;
Coryneu colhe a ossada em eneo cado:
De fausta oliva um galho ensopa n’agua,
Tres vezes borrifando asperge os socios,
Tres profere as novissimas palavras.
240Da campa sôbre a mole impoz Enéas