Página:Eneida Brazileira.djvu/225

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Vence-me Enéas! Meu poder se he pouco,
Deprecar a quem fôr já não duvido:
Vou, se não dóbro o céo, mover o inferno.
Separal-o do Lacio me prohibem;
315Sua Lavinia seja: a dita ao menos
Protrahir, perturbar, não me he defeso;
Os povos soverter dos reinos ambos:
Com taes pareas se allie o genro e o sogro,
Sangue rutulo e teucro o dote sendo,
320Bellona, ó virgem, prónuba te espera.
Não só fogos jugaes, de um facho prenhe,
Pariu Cisseide; a Cypria houve outro Páris,
Tição funesto aos recidivos muros.»
Vociferando horrenda baixa ás terras.
325Do Orco e antro furial avoca Alecto,
Que maldades luctífica respira,
Guerras, traições, rancor; monstro que odeiam
As tartareas irmãs e o rei das sombras:
Com tanto esgar se afeia e a testa enruga,
330Tanto a ennegrecem pullulantes cobras!
Juno assim a aguçou: «Da Noite filha,
Para não soffrer quebra de honra ou fama,
Serviço especial me outorga, ó virgem:
Por consorcios os Teucros não consigam
335A Latino embair, ter pé na Italia.
Irmãos tu podes e íntimos amigos
Armar de sanha, desavir familias,
Com funereos brandões e crus flagellos;
Artes mil de empecer, mil nomes sabes:
340Fecunda a mente excita; a paz desfaze,
A zizania semêa; estoure a guerra,
Bramindo a mocidade ás armas corra.»
De gorgoneo veneno Alecto infecta,
Ao Lacio e a régia voa, entra furtiva
345No retiro de Amata; cuja ardencia