Página:Eneida Brazileira.djvu/228

Wikisource, a biblioteca livre

Não a fortuna. Alli no alcaçar Turno
Meio somno lograva em noite opaca.
O furial vulto e fórmas despe Alecto;
Em Chalybe, de Juno velha antiste,
420Se transfigura: a testa e face obscena
De rugas ara, ás cãs veste uma touca,
Prega-lhe em cima um ramo de oliveira,
E ao joven se apresenta: «Soffres, Turno,
Tantas lidas frustradas, que a fugidos
425Passe o teu sceptro? Ganhos com teu sangue
O matrimonio e dote, o rei t’os nega,
Herda um Teucro no reino. Ora, ultrajado,
Vai-te arriscar; mal pago, as filas tuscas
Rompe, descose; a paz mantem no Lacio.
430Isto a grande Saturnia, em quanto em noite
Placida jazes, me intimou te expenda.
Arma, arma, sus, a mocidade em campo;
E, á margem pulchra assentes, os caudilhos
Phrygios arrasa, e queima as naus pintadas:
435Poder alto o prescreve. E se o monarca,
Surdo ás promessas, a união te enjeita,
Prove e sinta o que valha em armas Turno.»
Da vate a escarnecer: «Nem tu presumas
Que estar no Tibre a frota he novidade,
440Nem cá metter me venhas tantos medos:
Juno etherea de nós se não descuida.
Mas credula, sediça e carunchosa,
Ralas-te, avó, com panicos terrores,
Tonta ingerindo-te em reaes arcanos.
445Vigia os templos, das imagens cura:
Toca aos varões tratar e a paz e a guerra.»
Arde com isto Alecto; e, orando o moço,
Treme todo, hirta a vista: com taes serpes
Erinnys silva, taes carrancas abre!
450Tardonho ia fallar; com flammeos olhos