Página:Eneida Brazileira.djvu/259

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Já Vesper ao declive Olympo avança:
Tochas nas mãos, do estilo as pelles cintas,
Poticio á frente, os sacerdotes cobrem
De gratos postres a instaurada mesa;
280Bandejas de mil dons o altar oneram.
Com populea capella, em tôrno os Salios
Da ara incensada ao cantico presentes,
Jovens em côro, em côro o entoam velhos
De Hercules em louvor: como estupendos
285Os dragões da madrasta esmaga infante;
Como as grandes arrasa Echalia e Troia;
Como, a sabor de Juno, arduos trabalhos
Sob Eurystheu passou. «Tu mesmo, invicto,
A Pholo e Hyleu, nubígenas bimembres,
290Tu cretenses prodigios, tu mataste
Na brenha o leão Nemeu desmesurado.
De ti a Estyge, na cruenta cóva
Tremeu do Orco o porteiro, sôbre ossadas
Meio-roídas a jazer. Phantasma
295Nenhum lá, nem Typheu de cota enorme
Te foi terror; não te esmorece e atalha
Da hydra Lernéa a turba de cabeças.
Salve, ornamento aos divos accrescido,
Vera prole de Jove: ao teu festejo
300Com pé desce propício, e nos assistas.»
Cantam proezas taes; por fim memoram
A furna e Caco resfolgando chammas.
Resoa a selva e o eccho nos outeiros.
Cheia a funcção, para a cidade voltam.
305El-rei de annos cercado ia adiante,
Entre Enéas e o filho, em varios modos
Praticando o caminho aligeirava.
Por tudo ávido o heroe passsêa os olhos,
Mira, e cada vestigio dos maiores
310Inquire e aprende. Evandro, que os primordios