Os campestres então, da rocha e luco
Já com pavor tremiam religioso.
«No cimo, diz, frondente habita um nume;
Qual seja he dubio: Arcadios crem têr visto
350Jove nubícogo a vibrar por vezes
A egide negrejante. Observa aquelles
Dous muros em ruínas: monumentos
Sam dos varões passados, sam reliquias
De Saturnia e Janículo, cidades
355Que o pae Jano e Saturno edificaram.»
Do pobre Evandro á casa emtanto sobem;
No foro e lauto bairro das Carinas
Balava o armento. Ao limiar chegou-se:
«De Alcides vencedor foi este o alvergue,
360Nesta régia o deus coube. Hóspede, imita-o,
A desprezar atreve-te as riquezas;
Desta míngoa de haveres não te enfades.»
Calou-se, e leva o heroe pela estreitura
Do exíguo tecto, e em leito o põe de folhas,
365Do espólio de ursa libya tapetado.
Cahe ali-fusca noite e abrange o globo.
Não sem causa, aterrada a madre Venus
Do cru tumulto e ameaços dos Laurentes,
Carinhosa ao marido amor divino
370No aureo thalamo inspira, assim fallando:
«Emquanto argivos rêis com fogo e ferro
A malfadada Pérgamo assolavam,
Nunca, espôso querido, ajuda ou armas
Roguei do teu lavor, nem quiz tua arte
375Por miseraveis empenhar de balde;
Bem que eu devesse muito aos Priamídas,
E muito houvesse a Enéas deplorado.
No rutulo paiz ora o tem Jove:
Mãe, nume augusto, emfim supplico-te armas
380Que o protejam. Dobrou-te em pranto a espôsa
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