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Página:Eneida Brazileira.djvu/267

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E, remettendo ao Orco o regio Herilo,
Tres almas, que ao nascer a mãe Feronia
Lhe infundira, oh prodigio! este meu braço
Lh’as desfez, derribando-o com tres mortes,
560E o despojei da tríplice armadura:
Então, meu doce filho, do teu lado
Nunca me apartaria; nem Mezencio,
Ás minhas barbas tanto horror cevando,
A viuva cidade funestara.
565Mas, vós deuses, tu Jupiter supremo,
Do afflicto arcadio rei compadecei-vos,
Prece escutai paterna: se Pallante
O vosso nume e os fados m’o conservam,
Se hei de vel-o e adunal-o, a vida imploro;
570Tragarei quaesquer penas: mas, Fortuna,
Se ameaças caso horrendo, agora, agora
Estale a cruel têa, emquanto ambíguo
Temo e espero o futuro, emquanto, ó caro,
Meu só e último gôsto, aqui te abraço:
575Nuncio ingrato os ouvidos não me fira.»
Tal neste adeus se exprime e chora o velho;
Desfallecido, os servos o recolhem.
Pelas portas as turmas já despedem,
Á testa o heroe e Achates, e outros Phrygios
580Dos mais grados: no centro luz Pallante,
De arnez pintado e chlâmyde vistoso;
Qual, do oceano orvalhada, a estrella d’alva,
A quem sôbre os mais astros Venus ama,
Altêa aos céos a fronte e solve as trevas.
585Pávidas mães aos muros, de olhos seguem
Nuvem pulverea e o bando eri-fulgente.
Por encurtar jornada, espinhaes trilham;
Formam-se ao grito, a esboroal-o bate
Com som quadrupedante a ungula o campo.
590Bosque ante o frio Cérite se estende,