Ruídosas convertendo, em nuvem densa
Tapando os ares, o inimigo atacam;
Té que, cedendo á fôrça e á mesma carga,
Esmorece, e no rio a grave presa
245Das unhas larga, e some-se nas auras.
Todos, prestes á lide, o auspício acclamam;
E brada o augur Tolumnio: «Isto, isto, ó numes,
Tanto roguei-vos; o favor acceito.
Comigo, arma, arma, ó gente amedrontada,
250Quaes fracas aves, pelo atroz vindiço
Que estas praias devasta: elle não tarda
Vélas a dar corrido ao ponto fundo:
Cerrando as filas, defendei comigo
O rei vosso e da justa arrebatai-o.»
255Dice, e logo um zarguncho infesto arroja;
Os ares frecha o estrídulo corniso:
Soa o alarido; horrífico tumulto
Os cuneos turba, os corações escalda.
A hasta, a voar por entre nove esbeltos
260Irmãos, que de fiel tyrrhena espôsa
Houve o Arcadio Gylippo, alcança um delles,
De relumbrante arnez gentil mancebo,
Onde o cosido balteo o ventre pisa,
E a mordente fivela une as charneiras;
265Traspassa as costas e na arena o estira.
Acres, cegos do nojo, os irmãos rompem,
Remêsso ou gladio em punho; os de Laurento
Contra avançam: de novo inundam Phrygios,
E arreiados Arcadios e Agyllinos.
270Um só do ferro o amor domina em todos.
Saqueam-se aras; tolda os pólos torva
De rojões tempestade e chuva de aço;
Copas tiram, tições: Latino foge,
Da injúria aos deuses, da traição queixoso.
275Qual emparelha o coche, qual de um salto
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