Página:Eneida Brazileira.djvu/88

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Se prudencia lhe assiste e o enche Apollo,
Só te isto, ó prole diva, amoesto e prégo,
E repito e reitero: a Juno excelsa
De grado o nume adora, e a soberana
455Preces, votos e súpplicas abrandem:
He como finalmente victorioso,
A Trinacria trasposta, irás á Italia.
A Cumas tu chegado, e aos lagos santos
Lucrino e Averno de sonoras matas,
460Verás no imo rochedo a vate insana
Que os fados canta, e letras, nomes, carmes
Grava e encommenda ás folhas, e os numera.
Na gruta elles fechados, não se bolem,
Em ordem se mantem; mas, se uma aragem
465Da porta os gonzos vira, encana, e as tenras
Folhas baralha, avoejar a virgem
Pela caverna os deixa, nem mais cura
De arranjar, de os colher: e os inconsultos
Vam-se, a cóva e a Sybilla esconjurando.
470Postoque da tardança os teus murmurem,
Que plenas vélas amarar te possam
Boleadas á feição, dalli não partas,
Sem que a teus rogos ella a voz desprenda
E oraculos resolva. Ha-de a Cuméa
475As guerras te explicar, d’Italia os povos,
Trabalhos como evites, como os soffras;
E obter-te venerada o salvamento.
Basta; nem de al me he lícito avisar-te.
Anda, engrandece a Troia, aos céos te exalça.»
480Tal prophetava amigo, e ás naus dons manda
Graves de ouro e elephantico embutido,
De argenteos vasos e dodoneos cassos
Abarrota os porões; de malha ajunta
Loriga auri-trilice e um capacete
485De comante cocar, cimeira insigne,