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Pedro I; e como prova do que acabo de avançar accrescentarei que em diversas occasiões foi nomeado pelo mesmo augusto senhor para servir de mordomo e porteiro-mór junto de S. M. a Sra. D. Maria II, Rainha de Portugal, quando esta princeza estava no Brasil,

O zelo, a dedicação, a fidalguia com que se houve em todas estas occasiões, mereceram sempre a imperial approvação.

Eis-nos-ahi chegado a uma época em que por motivos, que não é do momento desenvolver, começou a empallidecer no occidente do mundo a estrella de S. M. o Sr. Dom Pedro de Bragança, primeiro imperador do Brasil.

« Donec eris felix, muitos numerabis amicos. »

Esta é desgraçadamente a condição dos homens collocados no apice do poder, desde as idades mais remotas do mundo. O poeta latino sabia por experiencia propria esta maxima, e a consignou á posteridade, como uma verdade eterna que servisse de lição aos vindouros pouco cautos; o coração humano, porém, é plasmado d'um barro tão semelhante ao que serviu ao Creador para formar o primeiro homem que para deixar de ser ingrato devia Deus inventar outra materia menos lodosa.

José Maria Velho da Silva era uma d'esssas raras excepções que honram a humanidade.

O imperador cavalleiro tinha abdicado, e como disse Pisistrato « regnum maluit quàm amicos diserere, » porém ainda pisava a terra brasileira ; e seu leal servidor se não julgou desligado da obrigação de prestar seus serviços ao monarcha que acabava de trocar a coroa do imperio de Santa Cruz pela espada de soldado de sua filha.

O Sr. Dom Pedro d'Alcantara de Bragança e Bourbon sahiu da Quinta de Bôa-Vista, com sua augusta esposa em es-