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Esses mesmos dotes foram a primordial causa de que o governo da metropoli portugueza, nos fins do anno 1794, nomeasse o dito commendador para desempenhar o espinhoso encargo de examinar e estudar o systema e andamento das differentes alfandegas do continente europeu. O simples facto de ser chamado o illustrado Francisco Velho da Silva, na mencionada época, d'um dos mais remotos pontos das possessões portuguezas de além-mar para o desempenho de tão melindrosa quão transcendente commissão prova exhuberantemente que os seus conhecimentos economico-politicos eram vastos; e que o merecimento real é como a chamma que sohresahe no horizonte por afastado que se ache o lugar onde arde. Em consequencia, pois, das ordens recebidas de Lisboa partiu o commendador Velho da Silva para a metropoli lusitana, acompanhado de sua esposa, D. Josepha Ximenez Velho da Silva, e de seus dez filhos, nascidos quasi todos na supramencionada provincia de S. Pedro do Rio Grande do Sul.

O futuro conselheiro José Maria Velho da Silva não existia ainda se não como o fructo que escondem mysteriosamente as petalas ou a corolla da flor que o produz; porémsulcava já os mares e experimentava os incommodos e contratempos da navegação.

Esses vaivens do mar, essas vagas encapelladas, essa continuada ameaça dos elementos contra o fragil lenho que, afastando-o das costas brasileiras, ás lusitanas praias o encaminhava, eram o symbolo dos embates que devia soffrer a sua existencia no tormentoso pelago d'este mundo.

Em 26 de Janeiro de 1795 ancorou o baixel, que conduziu o commendador e a sua numerosa familia, nas aguas do Tejo, e dous dias depois viu a luz o menino José Ma-