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ria, abrindo os olhos na velha Europa aquelle que de Deus os tinha recebido no joven Brasil.

A demora do commendador em Lisboa foi de curta duração— o tempo estrictamente necessario para receber as instrucções do governo real a respeito da sua commissão, e immediatamente sarpou para Cadiz, onde devia encetar a sua espinhosa o honrada commissão.

Em Cadiz— que era então o imporio do grande commercio das índias Occidentaes— nascera D. Josepha Ximenez Velho da Silva, mãe de José Maria, senhora que enumerava entre os seus antepassados o cardeal-arcebispo de Toledo Francisco Ximenezde Cisneros, eminente estadista, confessor da grande Isabel de Castella, administrador d'aquella'parte da monarchia dos reis catholicos, a quem deveu a coroa Carlos V d'Allemanha e I de Hespanha, e cujo eminente serviço pagou aquelle monarcha, aliás magnanimo, com ingratidão, causando a morte do venerando prelado-estadista em 1517.

N'essa mesma bella cidade, cujo berço esconde-se entre as nebulosas tradições dos tempos phenicios, foi baptisado José Maria a 28 de Maio de 1795, quatro mezes depois do seu nascimento. Apenas tinha recebido o menino as aguas baptismaes continuou o commendador a sua viagem em prosecução, dos estudos de que fora encarregado pelo governo metro politano.

Os mezes e mesmo os annos váavam nas azas do tempo: o commendador Francisco Velho da Silva recorria o continente europeu, entretanto que a sua virtuosa e nobre consorte via crescer perto do seu regaço os onze filhos que aprouve ao Céo dar-lhe para consolai a na ausencia do seu caro esposo.