Chrispim, que escarvava os dentes com furor, abalando, com um palito, as arnelas escalavradas, chirriava um riso alvar, chuchando os cacos aos sorvos.
Brandt convidou-me para um pouco de música.
Recusei. Sentia necessidade de movimento, de ação ao ar livre, de repouso espiritual.
Aquelas horas consumidas em aturado labor, a noite insone, as preocupações que me traziam o caráter daquele homem, cuja vida eu começava a penetrar pela porta de ouro e marfim de um sonho extravagante, forçaram-me demais o espírito. Saí.
A rua, com a longa colunada de palmeiras como a galeria de um templo hipostilo, era cruzada por passeantes, gozando a frescura. Criados passavam recolhendo do serviço.
Nas sombras dos jardins chilreiavam crianças, vultos brancos, imóveis no aconchego dos caramanchões, pareciam dormitar docemente. Em algumas casas iluminadas soavam pianos.