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Qual ave perseguida a curto, e á força
Por açor matreiro — divagava,
Banhada em lagrimas, — a largos passos;
Soluçando d’amor, e allucinada,
No rosto o desespero — amor no peito,
Beatriz, D. Beatriz, qu’imprevidente,
Com pé ousado e firme, até ás fauces
D’insondavel abysmo arremessára,
Por amor de um Vate — o amor de esposo.

E era noite sacrosanta —
Esta noite de tormento,
Ao longe ardiam tochas
Em lusido sabimento.

D’outra extrema cavalgando
Vinha em ginete murzello
D. Silveira — Cavalleiro —
Valente — aguerrido e bello.

Trajava dó e armas negras,
Quanto negro o coração,
Nesta brida procurava
O seu amor e paixão.

Mas de chôfre o seu corcel
Refreia, e faz parar,
Porque o povo era já tanto
Qu’impedia o galopar.