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Qual era o norte não sei
De tão fiel corredôr —
O Cavalleiro que o guiava
Levava no peito amor! —

Deslisava-se em seu rosto
Um sorrir d’atra vingança -
Parecia dominado
Da maior desesperança.

Era D. Silveira o Vate,
O amante de Beatriz
Tão malfadada em amores —
E nest’amor infeliz.

E neste galopar inda corria
D. Silveira Donzel — tão Cavalleiro
Quão Vate fôra nos seus dúlios cantos
Vibrados pelo amor, ou p’la saudade
Sentidos n’alma!

E corria e voava o corcel
Qual, nos ares com força vibrando,
O sibillo de frécha potente,
Que percorre, ferindo e matando.

Eis que pára, e não sabe a magia
De tão subito choque, — e o corcel —
Espumando, cançado, não póde
Por mais tempo suster-se fiel.