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phalérnos da tua sensação, os esquecidos Reinados ennevoados e exóticos onde a tua clamante e evocativa Saudade implorativa e contemplativamente canta, ondula e freme com lascivia e nonchalance! A tua inviolável e millenaria Saudade, velha e antiga Rainha desthronada, aventurosa e famosa, que erra nos brumosos e vagos infinitos do Passado, como atravez das luas amarguradas e taciturnas do tempo, A tua lancinante Saudade de beduino, perdida, peregrinante por paizes já adormecidos nas eras, remotos, longe, nos neblinamentos da Chiméra, onde os teus desejos agitados e melancólicos tumultuam n′uma febre de mundos multiformes de gérmens, em estremecimentos sempiternos; onde as tuas caricias nervosas e felinas sybaritamente dormem ao sol e espójam-se com sensualidade, n′um excitamento vital frenético de se perpetuarem com os aromas cálidos, com os cheiros fortes que impressionativos e aphrodisiacos provocam, atacam, cocégam e ferem de extrema sensibilidade as tuas aflantes e capras narinas.

Ah! como eu supremamente vejo e sinto todo esse esplendor funambulesco e todas essas magnificências sinistras do teu Pandemonium e do teu Te-Deum!

Ó Baudelaire! Ó Baudelaire! Ó Baudelaire! Augusto e tenebroso Vencido! Inolvidável Fidalgo

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