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cada qual lembrava uma moça em voga; mas era logo recusada, porque se tinha um predicado, faltavam-lhe outros. Um chronista de autoridade era o mais aferrado á sua opinião e não cessava de repetir, que ella deveia ter tudo, mesmo os infinitamente pequenos que fazem da alma feminina uma ogiva gothica: “Quero-a com coloridos de primavera e tragedias de verão — dizia elle”. Os companheiros riam-se d´essas singularidades estravagantes, oriundas de uma cerebração nervosa, e acabaram por incumbil-o de procurar essa mulher extraordinaria, que, com certeza, não encontraria.

— Que alegria esfusiante! Contem-me o que ha? — Jorge acabava de entrar.

Armando Sueiro, o distincto chronista, com as mãos nos bolsos das calças, amplo crysanthemo na Iapella do casaco e dous vincos profundos na fronte, virou-se e disse:

— Estamos num embaraço formidavel... Chegas a proposito. Ainda não encontrei a “Blumina” para a secção das flôres... Tu que frequentas tanto, pódes informar-nos de alguma...

— Conheço uma perfeita... Tem tudo... o que vocês aliás ignoram. Não sei se acceitará... é caprichosa, original...

— Deixa de preambulos... Dize logo quem é — atalhou apressadamente Armando.

— A senhora Ladice Everardo de Ássis, nascida de Sant´Hilario. Muito pouco conhecida, porque quasi não vai á sociedade...

— Senhora Ladice de Ássis — repetiu vagarosa-