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— Eu, em nada creio. Não faço projectos, nem tenho ambições. Considero-me uma abstracção, particula objectivada de uma vontade poderosa em seu curso ascendente e descendente... Sou a victima do Determinismo universal...

— Tu te consideras, então, o paciente de forças naturaes, um accidente na propria vida?

— O fim de uma evolução... Estou, portanto, sujeito a todas as variações d´essa vontade que é equilibrio, força, lei, harmonia, o que quizeres, emfim...

— Então vens a ser um receptivo de fatalidades; que horror! Eu, por mim, sinto-me uma revelação divina... Sou dono de energias, de conceitos, de fórmas; creio, domino, e até, Jorge, vengo destinos...

— São meras illusões... Os teus esforços serão nullos se ousares torcer o fado que te está prescripto...

— Para a intelectualidade humana, não ha obstaculos... — sentenciou Armando.

— Em theoria... Repara como a maior parte dos homens succumbe pela decepção...

— São os fracos que não reagem... As tuas ideias são cicatrizantes, alienam o progresso, cerceam as fontes de energia, e todas as sequencias do pensamento...

— São a verdade sem ambages... São filhas da experiencia, da observação e de grandes estudos...

— Qual, são ideias de natureza indolente, de mocidade em decadencia...