— Fazes isso, Ladice? —interrompeu João, sobresaltado, — E a tua mãe, sabe? — Elle bem conhecia a severidade de sua tia.
— Não; afinal, que mal ha nisso?
— E', nenhum... — E sorriu.
— Deve reverenciar a lua, a treva...
— Como tu tambem ? — inquiriu João, malicioso, retendo-lhe as mãos...
— Sim, tambem como eu — proseguiu ella com enthusiasmo. — E, á noite, Jean, imagino vel-o com um joelho no chão, a arrancar das estrellas coisas extraordinarias...
— Como tu tambem — disse João, baixinho, sorvendo com 08 olhos essa innocencia ardoga, promissora de exotismos raros.
— Por que tanto interesse por um estranho? — indagou elle.
— Não me é totalmente um estranho. Conheço-lhe as poesias, e, depois, não te posso explicar; creio que já o conheci...
— Mas, como, se nunca o viste?
— Talvez em vidas precedentes — respondeu ella, rindo muito: — Quem sabe? póde ser até que já houvesse sido...
— O teu irmão? — ajuntou elle, de proposito, piscando-lhe os olhos.
— Não, meu marido — coneluiu Ladice, escondendo a cara no hombro de João.
— Ah! imaginação desassisada...! Bem razão tem minha tia em te prender de todos os lados...
A. B. —2