tensias, embora os seus olhos se fixassem nas angelicas lividas de luar.
Theophilo que se achava á pequena distancia, observava a sua amante de perfil, e pensava: "E´ uma tuberosa palpitante. Traz como a outra na carne, o pallôr dos espasmos mortos e a sua febricidade..."
Approximando-se:
— As angelicas se estiram no ar como desejos que querem florescer. — Dirigindo-se a Ladice:
— Parecem implorar constantemente alguma cousa ao céo. — Baixinho:
— E´ como a tua boca para o meu beijo. — Alto:
— E´ uma flôr insatisfeita.
Em seguida olhando ao redor e vendo que Francisco e o Deputado palestravam animadamente, um pouco além, proseguiu... Que analogia entre ti e essas virgens do jardim. Oh! grito perfumado de minhas noites... Oh! beijo delirante do encantamento no ether, inclina-te para mim...
Em dizendo isso, elle se arredou, levando nos olhos as lagrimas roazes de um desejo esteril.
A Senhora de Assis não poude responder. As palavras de Theophilo, os seus olhares de amôr subiam e desciam-lhe pelo senso. Os mysterios de seu ser se abriam, estuosos; as suas sensações se desatavam, se despenhavam desordenadas, irreverentes; o seu romantismo passava como um sôpro vesáno sobre essas flores que já não eram mais flôres. Em as rosas, ella lobrigava, pés roseos e enxutos de Dryades amorosas. Das vinte corollas violetas de uma digitalis, via desenrolarem-se, n´um rodopio infrene, aros, espiras, fios chrystallinos, argenteos,