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II CAPITULO

Esse amor, a principio, puro phenomeno cerebral, transformara-se em verdadeira paixão, por causa da natureza romantica, excepcional de Ladice.

Ella saira d'esse baptismo de dôr, d'essa ruptura de suas illusões, d'essa extincção insolita de fulgores, eivada de impaciencias, de exaggeros, de frenesis, de desequilibrios, até então nunca experimentados.

A sua sensibilidade mostrava-se inteiriça, estridente, ductil.

A alma se lhe patenteava aos sentidos como se lhe fôra objecto concreto, tangivel: parecia-lhe, ás vezes, possuil-a em as mãos, qual estria luminosa, a expandir-se, a retrahir-se, trabalhada por desejos multiplos e infinitos, avida de espaço, de extensões, de immensidades, de incidentes gloriosos...

Ladice sentia-se apertada no ambiente onde se movia.

Ella queria esquecer Theophilo, abafar os clamores de seu coração; avivar a generosidade, as excellencias, a nobreza que se lhe estagnavam em o caracter; arrear da consciencia esse sentimento peccaminoso, condemnado pela Igreja.